Ódio, racismo e voto
Na reta final da campanha, com a presidente Dilma sempre à frente nas pesquisas, muitos eleitores de Aécio Neves perderam a compostura, assumiram publicamente seus valores racistas e foram para as redes sociais e canais de televisão culpar o povo nordestino pela iminente derrota de seu candidato.
Após a confirmação da vitória da presidenta, a campanha difamatória alcançou uma dimensão estrondosa e o ódio prevaleceu sobre a razão. Adjetivos como miseráveis, imbecis, burros, analfabetos, trouxas, bovinos (este último, uma pérola trazida por Diogo Mainard, jornalista da revista 'veja', que destilou todo o seu ódio em entrevista à Globo News!) pipocaram por todos os lados.
Ataques sórdidos e explícitos disfarçados de desabafos nas redes sociais, em mensagens de vídeo e texto, inundaram a internet e ofenderam os nordestinos, tidos como os responsáveis pela reeleição da presidenta.
Muitos internautas defenderam movimentos separatistas e a construção de um muro para isolar o Nordeste brasileiro. A raiva gerou discursos golpistas que pediram o impeachment da presidenta e a volta dos militares.
Alguns veículos de comunicação já vinham induzindo a opinião pública a uma postura crítica em relação aos votos dos nordestinos como cartada final de uma trama de "ajudar" a classe média do Sul/Sudeste a votar em Aécio Neves, fazer frente aos votos dos 'pobres' e 'analfabetos' do Norte/Nordeste e trazer de volta ao poder o grupo de ressentidos que, até a eleição de Lula, sempre reinou no Brasil.
Após o primeiro turno, o próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso colocou lenha na fogueira do preconceito em entrevista ao portal UOL acusando os eleitores da presidenta de ser "mal informados" e residentes "nos grotões". Ele quis dizer o seguinte: nossas escolhas são melhores porque somos superiores.
Nem bem havia sido proclamado o resultado final das eleições e caíram as mascaras dos 'esclarecidos', 'escolarizados' e 'bem empregados' que não precisam de 'esmola' do Bolsa Família. Desceram o sarrafo à moda da família Bolsonaro.
Mas, de acordo com a lei do racismo (Lei nº 7.716/89), qualquer tipo de preconceito, insinuação de cunho discriminatório para tentar diminuir, pôr em uma situação desigual ou ofender determinado grupo pode ser considerado crime.
A pena pode variar de um a três anos de prisão, além de multa, podendo ser agravada por ser em ambiente virtual, pelo maior alcance que as agressões podem gerar.
Mais de 400 denúncias já foram encaminhadas à SaferNet, organização que acompanha os crimes virtuais. Estas páginas com conteúdo preconceituoso já estão à disposição do Ministério Público e da Polícia Federal, que poderão abrir inquérito.
Alguns eleitores gostariam que seu voto tivesse mais peso, afinal, sentem-se superiores, mas, na democracia, o voto de cada brasileiro tem o mesmo valor.
Por isso, diga não ao preconceito. Diga não ao racismo. E que prevaleçam o bom senso e o respeito entre todos.
cacau de Brito (advogado e presidente do Movimento O Rio Pede Paz) - ARTIGOS - jornal O DIA - 13/11/2014.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
P.35 Rock Brasileiro
Rock brasileiro (rock nacional) década de 1980
Apesar da década de 1980 ficar conhecida como a "Década Perdida", atributo negativo relacionado principalmente a área social-econômica, período pelo qual houve as crises econômicas mundiais, como a crise do petróleo no Oriente Médio, que juntamente com a "Crise do Milagre Brasileiro" ou do "Milagre Econômico", nos finais de década de 1970. Afetou profundamente a vida social e econômica no Brasil na transição da Ditadura militar para a nova República sendo instalada em 1985.
Porém na parte cultural e principalmente na área musical, o Brasil viveu uma época pulsante e espetacular com o surgimento das bandas nacionais de rock brasileiro.
Atribui-se a esta década a popularização do rock brasileiro, movimento que surgiu para aproveitar a onda do estilo musical (rock) que já havia se consagrado mundialmente nos anos 70. Muitas bandas deste estilo, como Titãs e os Paralamas do Sucesso permanecem ativas até hoje, fazendo apresentações por todo o Brasil. Outras bandas e artistas da época, como Engenheiros do hawaii, Legião Urbana e Renato Russo, foram imortalizados e tocam nas rádios até hoje, devido ao grande sucesso entre o público, principalmente adolescentes.
Nos anos 80, ocorreu a verdadeira "explosão" do rotulado "BRock". Isso se deve em parte à criação de casas de show, como Noites Cariocas e Circo voador (Rio) e Aeroanta (São Paulo). As primeiras bandas a fazerem sucesso foram o irônicos Blitz ("Você não soube me amar") e Eduardo Dusek ("Rock da Cachorra", junto com João Penca e Seus Miquinhos Amestrados), no batizado "Verão do Rock", em 1982.
As mais cultuadas dos anos 80 formam um "quarteto sagrado". São eles: Os Paralamas do Sucesso, originários do Rio de Janeiro, haviam se conhecido antes em Brasília e começaram a tocar na garagem de um dos integrantes; Titãs, paulistas (mais tarde "suavizados"). Inicialmente, juntavam estéticas da New wave e do raggae com a da MPB, e, de 1982 à 1984, a banda era formada por nove integrantes - além dos músicos que continuam no grupo, fizeram parte do conjunto: Ciro Pessoa (vocais), Arnaldo Antunes (vocais), Marcelo Fromer (guitarra) e Nando Reis (baixo/vocais), logo se tornando um octeto, numa formação que duraria até 1992, com a saída de Arnaldo. O baterista do grupo Ira!, André Jung, tocou seu instrumento no primeiro trabalho titânico, depois cedendo seu posto a Charles Gavin; Os cariocas Barão Vermelho, surgidos em 82 e liderados por Cazuza. Com a saída dele (que teve carreira solo bem sucedida), o guitarrista Frejat assumiu os vocais; e a mais influente Legião Urbana, liderada por Renato Russo, surgida em 82, emplacando alguns sucessos como "Faroeste Caboclo", "Será" e " Eduardo e Mônica" que chegaram ao topo das rádios. A banda acabou com a morte de Renato Russo, em 1996. Os outros legionários que compunham a banda eram: Marcelo Bonfá (bateria) e Dado Villa Lobos (guitarra). Renato Rocha foi baixista da banda até 1988.
E teve outras também de grandes sucessos na época, como as bandas Sempre Livre, Gang 90 e as Absurdetes, Biquini Cavadão, Hanói Hanói, Hojerizah, Lobão e os Ronaldos, Metrô, Magazine, Grafitti, Ed Motta & Conexão Japeri, além de cantores (as) como Marina Lima, Léo Jaime, Ritchie, Kid Vinil, Fausto fawcett, entre outros. (Finis Africae, Picassos Falsos, Detrito Federal, Violeta de Outono...Por minha conta).
Vários locais do Brasil tinham suas bandas surgindo. No Rio de Janeiro, surgiram os alegres Kid Abelha e Léo Jaime, Uns e Outros e o fim da banda Vímana revelou Lulu Santos, Lobão (também ex-Blitz) e Ritchie; em São Paulo, o Festival Punk de 81 revelou Inocentes, Cólera e Ratos de Porão. Além dessa cena, surgiram as principais bandas paulistas, como Ultraje a Rigor (no qual Edgard Scandurra tocou antes do Ira!), Ira!, Titãs, RPM, Zero, Metrô e Kid Vinil (então vocalista da banda Magazine). Sem se esquecer da cena independente muito bem representadas pelo Fellini, Smack, Voluntários da Pátria, Akira S e As garotas que Erraram, e Mercenárias; em Brasília, o Aborto Elétrico (em que Renato Russo tocara) virou o Capital Inicial (que acabou se fixando em São Paulo), e a Plebe Rude teve o sucesso "Até quando esperar" e "Proteção", e no Rio Grande do Sul, os "cabeças" Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós chegaram ao sucesso nacional. Também estouraram bandas gaúchas de rock como TNT, Taranatiriça, Cascavalletes, Os Replicantes, Os Eles, Bandaliera, Garotos da Rua, De Falla. Na Bahia , chegou ao sucesso o Camisa de Vênus.
No Heavy Metal, originou-se em Minas Gerais a banda brasileira de maior sucesso internacional, o Sepultura, que toca o gênero extremo Trash metal, com letras em inglês. Outra banda a conseguir destaque no exterior (Japão) foi a paulista Viper, que também escrevia letras em inglês, e que ajudou a desenvolver um estilo que viria a ser chamado de Metal Melódico no Brasil. O Viper foi também responsável por revelar o vocalista André Matos, que participaria de duas grandes bandas brasileiras: Angra e Shaman.
WIKIPÉDIA
Apesar da década de 1980 ficar conhecida como a "Década Perdida", atributo negativo relacionado principalmente a área social-econômica, período pelo qual houve as crises econômicas mundiais, como a crise do petróleo no Oriente Médio, que juntamente com a "Crise do Milagre Brasileiro" ou do "Milagre Econômico", nos finais de década de 1970. Afetou profundamente a vida social e econômica no Brasil na transição da Ditadura militar para a nova República sendo instalada em 1985.
Porém na parte cultural e principalmente na área musical, o Brasil viveu uma época pulsante e espetacular com o surgimento das bandas nacionais de rock brasileiro.
Atribui-se a esta década a popularização do rock brasileiro, movimento que surgiu para aproveitar a onda do estilo musical (rock) que já havia se consagrado mundialmente nos anos 70. Muitas bandas deste estilo, como Titãs e os Paralamas do Sucesso permanecem ativas até hoje, fazendo apresentações por todo o Brasil. Outras bandas e artistas da época, como Engenheiros do hawaii, Legião Urbana e Renato Russo, foram imortalizados e tocam nas rádios até hoje, devido ao grande sucesso entre o público, principalmente adolescentes.
Nos anos 80, ocorreu a verdadeira "explosão" do rotulado "BRock". Isso se deve em parte à criação de casas de show, como Noites Cariocas e Circo voador (Rio) e Aeroanta (São Paulo). As primeiras bandas a fazerem sucesso foram o irônicos Blitz ("Você não soube me amar") e Eduardo Dusek ("Rock da Cachorra", junto com João Penca e Seus Miquinhos Amestrados), no batizado "Verão do Rock", em 1982.
As mais cultuadas dos anos 80 formam um "quarteto sagrado". São eles: Os Paralamas do Sucesso, originários do Rio de Janeiro, haviam se conhecido antes em Brasília e começaram a tocar na garagem de um dos integrantes; Titãs, paulistas (mais tarde "suavizados"). Inicialmente, juntavam estéticas da New wave e do raggae com a da MPB, e, de 1982 à 1984, a banda era formada por nove integrantes - além dos músicos que continuam no grupo, fizeram parte do conjunto: Ciro Pessoa (vocais), Arnaldo Antunes (vocais), Marcelo Fromer (guitarra) e Nando Reis (baixo/vocais), logo se tornando um octeto, numa formação que duraria até 1992, com a saída de Arnaldo. O baterista do grupo Ira!, André Jung, tocou seu instrumento no primeiro trabalho titânico, depois cedendo seu posto a Charles Gavin; Os cariocas Barão Vermelho, surgidos em 82 e liderados por Cazuza. Com a saída dele (que teve carreira solo bem sucedida), o guitarrista Frejat assumiu os vocais; e a mais influente Legião Urbana, liderada por Renato Russo, surgida em 82, emplacando alguns sucessos como "Faroeste Caboclo", "Será" e " Eduardo e Mônica" que chegaram ao topo das rádios. A banda acabou com a morte de Renato Russo, em 1996. Os outros legionários que compunham a banda eram: Marcelo Bonfá (bateria) e Dado Villa Lobos (guitarra). Renato Rocha foi baixista da banda até 1988.
E teve outras também de grandes sucessos na época, como as bandas Sempre Livre, Gang 90 e as Absurdetes, Biquini Cavadão, Hanói Hanói, Hojerizah, Lobão e os Ronaldos, Metrô, Magazine, Grafitti, Ed Motta & Conexão Japeri, além de cantores (as) como Marina Lima, Léo Jaime, Ritchie, Kid Vinil, Fausto fawcett, entre outros. (Finis Africae, Picassos Falsos, Detrito Federal, Violeta de Outono...Por minha conta).
Vários locais do Brasil tinham suas bandas surgindo. No Rio de Janeiro, surgiram os alegres Kid Abelha e Léo Jaime, Uns e Outros e o fim da banda Vímana revelou Lulu Santos, Lobão (também ex-Blitz) e Ritchie; em São Paulo, o Festival Punk de 81 revelou Inocentes, Cólera e Ratos de Porão. Além dessa cena, surgiram as principais bandas paulistas, como Ultraje a Rigor (no qual Edgard Scandurra tocou antes do Ira!), Ira!, Titãs, RPM, Zero, Metrô e Kid Vinil (então vocalista da banda Magazine). Sem se esquecer da cena independente muito bem representadas pelo Fellini, Smack, Voluntários da Pátria, Akira S e As garotas que Erraram, e Mercenárias; em Brasília, o Aborto Elétrico (em que Renato Russo tocara) virou o Capital Inicial (que acabou se fixando em São Paulo), e a Plebe Rude teve o sucesso "Até quando esperar" e "Proteção", e no Rio Grande do Sul, os "cabeças" Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós chegaram ao sucesso nacional. Também estouraram bandas gaúchas de rock como TNT, Taranatiriça, Cascavalletes, Os Replicantes, Os Eles, Bandaliera, Garotos da Rua, De Falla. Na Bahia , chegou ao sucesso o Camisa de Vênus.
No Heavy Metal, originou-se em Minas Gerais a banda brasileira de maior sucesso internacional, o Sepultura, que toca o gênero extremo Trash metal, com letras em inglês. Outra banda a conseguir destaque no exterior (Japão) foi a paulista Viper, que também escrevia letras em inglês, e que ajudou a desenvolver um estilo que viria a ser chamado de Metal Melódico no Brasil. O Viper foi também responsável por revelar o vocalista André Matos, que participaria de duas grandes bandas brasileiras: Angra e Shaman.
WIKIPÉDIA
segunda-feira, 7 de julho de 2014
P.34 Benzema X Hino da França
Benzema X Hino da frança
Uma das polêmicas dessa Copa do Mundo 2014, realizada no Brasil, é o fato do jogador de futebol Karim Benzema se recusar a cantar o hino francês juntamente com seus companheiros de equipe.
A justificativa da recusa do bom jogador, que defende as cores da França com toda a classe, bravura e dignidade, está no fato de a letra do hino francês, conhecido por Marshelhesa (La Marseillaise), que foi composto em 1792, no longínquo Século XVIII, portanto já desatualizado. Esse hino foi composto como canção revolucionária. A canção adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades de Marselha. O canto deveria ser um estímulo para encorajar os soldados no combate de fronteira.
Portanto para Benzema , que é de origem argelina, o hino traz palavras pesadas que levam para interpretações de racismo e xenofobia contra os povos estrangeiros que residem no país.
XENOFOBIA significa: sentimento de repulsa de uma população ou indivíduos em relação a estrangeiros. Um grave problema principalmente na Europa Ocidental, que nos últimos anos vem recebendo hordas de migrantes, principalmente dos países mais pobres como os africanos que buscam melhores condições de vida que não encontram em seus países de origem.
Outro fato interessante nessa polêmica é justamente a França que normalmente conta com o talento de vários bons jogadores de origem estrangeira, como exemplo o famosos craques, Platini e Zidane de origem também argelina, que coincidentemente também não cantavam.
Edson Freitas Carvalho
Uma das polêmicas dessa Copa do Mundo 2014, realizada no Brasil, é o fato do jogador de futebol Karim Benzema se recusar a cantar o hino francês juntamente com seus companheiros de equipe.
A justificativa da recusa do bom jogador, que defende as cores da França com toda a classe, bravura e dignidade, está no fato de a letra do hino francês, conhecido por Marshelhesa (La Marseillaise), que foi composto em 1792, no longínquo Século XVIII, portanto já desatualizado. Esse hino foi composto como canção revolucionária. A canção adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades de Marselha. O canto deveria ser um estímulo para encorajar os soldados no combate de fronteira.
Portanto para Benzema , que é de origem argelina, o hino traz palavras pesadas que levam para interpretações de racismo e xenofobia contra os povos estrangeiros que residem no país.
XENOFOBIA significa: sentimento de repulsa de uma população ou indivíduos em relação a estrangeiros. Um grave problema principalmente na Europa Ocidental, que nos últimos anos vem recebendo hordas de migrantes, principalmente dos países mais pobres como os africanos que buscam melhores condições de vida que não encontram em seus países de origem.
Outro fato interessante nessa polêmica é justamente a França que normalmente conta com o talento de vários bons jogadores de origem estrangeira, como exemplo o famosos craques, Platini e Zidane de origem também argelina, que coincidentemente também não cantavam.
Edson Freitas Carvalho
segunda-feira, 9 de junho de 2014
P.33 Um mosquito contra a dengue
Um mosquito contra a dengue
"Um laboratório em Juazeiro, na Bahia, produz uma linhagem do transgênica do Aedes aegypti capaz de reduzir em 90% a população de insetos transmissores da dengue".
O método foi inventado por cientistas ingleses, mas saiu de um laboratório localizado em Juazeiro, na Bahia, a tecnologia que permitiu aplica-lo numa escala inédita. A Moscamed Brasil produz, por semana, 1 milhão de mosquitos que, modificados geneticamente e soltos na natureza, se transformam em um exército de combate a dengue. No ano passado, a doença matou quase 600 pessoas no Brasil.
Batizada de OX513A, essa linhagem transgênica do Aedes aegypti - formada apenas por machos, que não picam e portanto não transmitem a doença - tem por função copular com as fêmeas que estão na natureza. Dessa forma, eles transferem para os filhotes um gene letal que contêm. Criado pelo laboratório inglês Oxitec, esse gene fabrica em excesso a proteína tTA, que interfere no metabolismo da larva e faz com que ela não consiga produzir outras proteínas necessárias para a sobrevivência. Como a cópula entre os insetos acontece apenas uma vez, o resultado é que cada mosquito transgênico "neutraliza" uma fêmea de Aedes aegypti, fazendo com que ela perca a capacidade de gerar novos transmissores da doença.
Embora sejam portadores do gene mortal, os mosquitos criados em laboratórios conseguem sobreviver até a fase adulta porque recebem o antibiótico tetraciclina, que funciona como uma espécie de antídoto ao gene modificado. "Já as novas pupas e larvas que herdam o gene mortal não encontram o antibiótico na natureza. Por isso, morrem antes de chegar à fase adulta", explica a bióloga Michelle Cristine Pedrosa. Em bairros como Mandacaru e Itaberaba, a soltura dos OX513A reduziu em até 93% a quantidade de mosquitos da dengue.
Desde 2005 a Moscamed funciona numa área cedida pelo governo da Bahia. A iniciativa de criar o laboratório, uma organização social (OS), partiu do Ministério da Agricultura ainda durante a Presidência de Fernando Henrique Cardoso. O objetivo inicial era produzir moscas-das-frutas estéreis, de forma a reduzir a praga que provoca prejuízos de mais de 120 milhões de dólares a cada ano nas lavouras do país. A escolha de Juazeiro como sede do laboratório se deu porque, junto com a vizinha Petrolina, a cidade é o principal polo exportador de manga e uva, vítimas frequentes da mosca - das - frutas. Localizada no semiárido nordestino, com regime de chuvas escassas, a região se tornou a maior produtora de frutas do Brasil graças a um intenso trabalho de pesquisa e ao uso das águas do São Francisco na irrigação artificial.
Em junho do ano passado, os testes da Moscamed entraram numa nova fase. Pela primeira vez no mundo, a experiência com os mosquitos transgênicos começou a ser feita não em bairros, como no caso de Juazeiro, mas numa cidade. Jacobina, na Bahia, com 84.000 habitantes, receberá, até o fim do ano, 4 milhões de mosquitos por semana. No bairro Pedra Branca, onde os testes tiveram início, a redução no número de mosquitos selvagens chegou a 92%. Se o resultado final for tão bom quanto o inicial, a técnica será incorporada pelo ministério da Saúde como um dos mecanismos de combate a dengue em escala nacional.
Juazeiro e Petrolina foram duas das cidades visitadas pela expedição da VEJA na semana passada. A iniciativa de percorrer o país para mostrar histórias de superação individual e coletiva, além de exemplos de produtividade, competitividade e empreendedorismo, chega perto de sua reta final. Nesta semana, o ônibus de VEJA seguirá em direção à Região Sudeste. Antes de retornar a São Paulo, passará por Porto Real (RJ) e São José dos Campos (SP).
Kalleo Coura - revista VEJA edição 2376 - ano 47 - nº 23 - 4 de junho de 2014.
"Um laboratório em Juazeiro, na Bahia, produz uma linhagem do transgênica do Aedes aegypti capaz de reduzir em 90% a população de insetos transmissores da dengue".
O método foi inventado por cientistas ingleses, mas saiu de um laboratório localizado em Juazeiro, na Bahia, a tecnologia que permitiu aplica-lo numa escala inédita. A Moscamed Brasil produz, por semana, 1 milhão de mosquitos que, modificados geneticamente e soltos na natureza, se transformam em um exército de combate a dengue. No ano passado, a doença matou quase 600 pessoas no Brasil.
Batizada de OX513A, essa linhagem transgênica do Aedes aegypti - formada apenas por machos, que não picam e portanto não transmitem a doença - tem por função copular com as fêmeas que estão na natureza. Dessa forma, eles transferem para os filhotes um gene letal que contêm. Criado pelo laboratório inglês Oxitec, esse gene fabrica em excesso a proteína tTA, que interfere no metabolismo da larva e faz com que ela não consiga produzir outras proteínas necessárias para a sobrevivência. Como a cópula entre os insetos acontece apenas uma vez, o resultado é que cada mosquito transgênico "neutraliza" uma fêmea de Aedes aegypti, fazendo com que ela perca a capacidade de gerar novos transmissores da doença.
Embora sejam portadores do gene mortal, os mosquitos criados em laboratórios conseguem sobreviver até a fase adulta porque recebem o antibiótico tetraciclina, que funciona como uma espécie de antídoto ao gene modificado. "Já as novas pupas e larvas que herdam o gene mortal não encontram o antibiótico na natureza. Por isso, morrem antes de chegar à fase adulta", explica a bióloga Michelle Cristine Pedrosa. Em bairros como Mandacaru e Itaberaba, a soltura dos OX513A reduziu em até 93% a quantidade de mosquitos da dengue.
Desde 2005 a Moscamed funciona numa área cedida pelo governo da Bahia. A iniciativa de criar o laboratório, uma organização social (OS), partiu do Ministério da Agricultura ainda durante a Presidência de Fernando Henrique Cardoso. O objetivo inicial era produzir moscas-das-frutas estéreis, de forma a reduzir a praga que provoca prejuízos de mais de 120 milhões de dólares a cada ano nas lavouras do país. A escolha de Juazeiro como sede do laboratório se deu porque, junto com a vizinha Petrolina, a cidade é o principal polo exportador de manga e uva, vítimas frequentes da mosca - das - frutas. Localizada no semiárido nordestino, com regime de chuvas escassas, a região se tornou a maior produtora de frutas do Brasil graças a um intenso trabalho de pesquisa e ao uso das águas do São Francisco na irrigação artificial.
Em junho do ano passado, os testes da Moscamed entraram numa nova fase. Pela primeira vez no mundo, a experiência com os mosquitos transgênicos começou a ser feita não em bairros, como no caso de Juazeiro, mas numa cidade. Jacobina, na Bahia, com 84.000 habitantes, receberá, até o fim do ano, 4 milhões de mosquitos por semana. No bairro Pedra Branca, onde os testes tiveram início, a redução no número de mosquitos selvagens chegou a 92%. Se o resultado final for tão bom quanto o inicial, a técnica será incorporada pelo ministério da Saúde como um dos mecanismos de combate a dengue em escala nacional.
Juazeiro e Petrolina foram duas das cidades visitadas pela expedição da VEJA na semana passada. A iniciativa de percorrer o país para mostrar histórias de superação individual e coletiva, além de exemplos de produtividade, competitividade e empreendedorismo, chega perto de sua reta final. Nesta semana, o ônibus de VEJA seguirá em direção à Região Sudeste. Antes de retornar a São Paulo, passará por Porto Real (RJ) e São José dos Campos (SP).
Kalleo Coura - revista VEJA edição 2376 - ano 47 - nº 23 - 4 de junho de 2014.
domingo, 30 de março de 2014
P.32 O golpe
O golpe
São vivas minhas lembranças da quartelada de 1964. Jânio Quadros, em agosto de 1961, havia renunciado à Presidência da República. Jango, seu vice, tomou posse. O Brasil clamava por reformas de base: agrária, política, tributária, etc. No Rio Grande do Sul, Leonel Brizola advertia sobre uma perigo de um golpe de Estado. Em Pernambuco, Miguel Arraes contrariava usineiros e latifundiários e imprimia a seu governo um caráter popular.
O MEB (Movimento de Educação de Base) dava os primeiros passos apoiado pela ala progressiva da Igreja Católica. A União Nacional dos Estudantes multiplicava, por todo o país, os Centros Populares de Cultura.
Era preciso dar um basta à influência comunista. E tudo que não coincidia com os interesses dos Estados Unidos era tachado de "comunista", até mesmo bispos como Dom Elder Câmara, que clamava por um mundo sem fome. Foi apelidado de "o bispo vermelho".
Trouxeram dos Estados Unidos o padre Peyton, o pároco de Hollywood. De rosário em mãos e bancado pela CIA, ele arrastava multidões nas Marchas da Família com Deus pela Liberdade.
A 13 de março de 1964, Jango fez um megacomício na Central do Brasil, no Rio. Ali, ovacionado pela multidão, assinou os decretos de apropriação, pela Petrobras, de refinarias privadas, e desapropriação, para fins de reforma agrária, de terras subutilizadas. As elites brasileiras entraram em pânico.
Em 31 de março, terça feira, as tropas do general Olympio Moura Filho, oriundas de Minas Gerais, ocuparam os pontos estratégicos do Rio. Jango, deposto da Presidência, refugiou-se no Uruguai. A 11 de abril, o Congresso Nacional elegeu o Marechal Castelo Branco presidente da república. Estava consolidado o golpe.
A máquina repressiva começou a todo vapor: Inquéritos Policiais-Militares foram instalados em todo o país; a cassação de direitos políticos atingiu sindicalistas, deputados, senadores e governadores; uma simples suspeita ecoava como denúncia e servia de motivo para um cidadão ser preso, torturado e mesmo assassinado.
Muitos são os sinais de que se vivia sob uma ditadura. Este foi insólito: há no Centro do Rio uma região conhecida como Castelo. E, na Zona Norte, um bairro chamado Muda. No letreiro de uma linha de ônibus carioca a indicação: Muda-Castelo. Os milicos não gostaram: o marechal viera para ficar. Pressionada, a empresa inverteu o letreiro: Castelo-Muda. Ficou pior. Cancelaram a linha...
Jornal O dia, 30-03-2014. Artigo de Frei Betto (papo-cabeça).
São vivas minhas lembranças da quartelada de 1964. Jânio Quadros, em agosto de 1961, havia renunciado à Presidência da República. Jango, seu vice, tomou posse. O Brasil clamava por reformas de base: agrária, política, tributária, etc. No Rio Grande do Sul, Leonel Brizola advertia sobre uma perigo de um golpe de Estado. Em Pernambuco, Miguel Arraes contrariava usineiros e latifundiários e imprimia a seu governo um caráter popular.
O MEB (Movimento de Educação de Base) dava os primeiros passos apoiado pela ala progressiva da Igreja Católica. A União Nacional dos Estudantes multiplicava, por todo o país, os Centros Populares de Cultura.
Era preciso dar um basta à influência comunista. E tudo que não coincidia com os interesses dos Estados Unidos era tachado de "comunista", até mesmo bispos como Dom Elder Câmara, que clamava por um mundo sem fome. Foi apelidado de "o bispo vermelho".
Trouxeram dos Estados Unidos o padre Peyton, o pároco de Hollywood. De rosário em mãos e bancado pela CIA, ele arrastava multidões nas Marchas da Família com Deus pela Liberdade.
A 13 de março de 1964, Jango fez um megacomício na Central do Brasil, no Rio. Ali, ovacionado pela multidão, assinou os decretos de apropriação, pela Petrobras, de refinarias privadas, e desapropriação, para fins de reforma agrária, de terras subutilizadas. As elites brasileiras entraram em pânico.
Em 31 de março, terça feira, as tropas do general Olympio Moura Filho, oriundas de Minas Gerais, ocuparam os pontos estratégicos do Rio. Jango, deposto da Presidência, refugiou-se no Uruguai. A 11 de abril, o Congresso Nacional elegeu o Marechal Castelo Branco presidente da república. Estava consolidado o golpe.
A máquina repressiva começou a todo vapor: Inquéritos Policiais-Militares foram instalados em todo o país; a cassação de direitos políticos atingiu sindicalistas, deputados, senadores e governadores; uma simples suspeita ecoava como denúncia e servia de motivo para um cidadão ser preso, torturado e mesmo assassinado.
Muitos são os sinais de que se vivia sob uma ditadura. Este foi insólito: há no Centro do Rio uma região conhecida como Castelo. E, na Zona Norte, um bairro chamado Muda. No letreiro de uma linha de ônibus carioca a indicação: Muda-Castelo. Os milicos não gostaram: o marechal viera para ficar. Pressionada, a empresa inverteu o letreiro: Castelo-Muda. Ficou pior. Cancelaram a linha...
Jornal O dia, 30-03-2014. Artigo de Frei Betto (papo-cabeça).
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